Nairo de Souza Vargas
A transformação da paixão em amor, que permite estas vivência, é uma condição básica. Destaca a importância dos reapaixonamentos, dos recasamentos e da adolescência conjugal.
Maria Zelia de Alvarenga
A autora discorre sobre as origens históricas e míticas da civilização helênica, e a importância do herói grego como tradutor da transformação dos tempos e da consciência do ser humano. Servindo-se de passagens míticas, faz uma leitura simbólica sobre o momento mítico em que o herói grego, chamado a tomar decisões, se depara com o conflito: cumprir o seu destino-tarefa para o bem do coletivo ou render-se à maldição sob a qual foi gerado. Questões simbólicas como: emergência da consciência, desejo, responsabilidade de escolha, conflitos entre amor e poder, etc… são levantadas. Conclui que dessas tessituras emocionais emerge o homem-ego-consciência que escolhe o seu destino e se torna responsável por ele.
Sueli Engelhard
Se tivermos em mente que não podemos abandonar em nosso desenvolvimento da personalidade, o lado sombrio, o valor (re)estruturante da representação arquetípica de Lilith – a mulher da primeira vez – ganhamos maiores possibilidades de reequilibrar, na consciência coletiva, o valor do instinto, enquanto sexualidade erótica, sem tabus e repressões. Recuperar o símbolo da liberdade de escolha e emancipação do feminino é poder sacralizar o instinto, reunir em nosso psiquismo o espiritual e o carnal, tornando nossa alma (Pneuma) a mescla de ar e de calor vital. Só aí se qualifica e reintegra o grande segredo da função transcendente e propiciadora da individuação. É adentrando nossos mistérios, e retirando de nossas mais profundas cavernas as substancias vitais ali escondidas, abandonadas, é que podemos nos (re)equilibrar e (re)dimensionar. Amorosamente, iluminado o que era antes opressão e negação, a energia se torna purificada e renovada, harmônica, para ser reintegrada e utilizada na ampliação de níveis mais abrangentes e elevados de consciência. Só assim, embora o mundo continue o mesmo, o que mudará será nossa consciência perante a vida nesse mundo, podendo então, termos a oportunidade de, ao nos salvar, salvarmos, também nosso amado planeta.
Leniza Castello Branco
Interpretação de um conto de fadas do folclore brasileiro comparando as peripécias da heroína com o desenvolvimento do ego e sua relação com o inconsciente.
Liliana Liviano Wahba
A instrumentação erótica usada para estimulação sexual vem de longa data sendo empregada em festas orgiásticas como culto a divindade matriarcais. Seu emprego atual, através de objetos pornográficos, visa a uma exaltação do prazer e uma retomada de valores que são contrários às normas morais vigentes. Diferenciar nessas práticas o que é mau gosto, perversão, brincadeira, -faceta do erotismo, traz diversas possibilidade de compreensão.
Amnéris Maroni
Como C.G.Jung chegou à noção de inconsciente coletivo? É exatamente isso que esse artigo discute, ao insistir que Jung não estabeleceu a priori um postulado, uma hipótese. Jung des-cobriu, des-velou uma possibilidade de apreensão do mundo por meio de uma psique generalizada, em sua experiência com pacientes psicóticos e esquizofrênicos. Seu diálogo com Freud, na interpretação dos delírios de Schreber, deixa isso claro.
Iraci Galiás
A autora reflete sobre a anorexia nervosa buscando uma compreensão do funcionamento arquetípico. Descreve o que chama de “Circuito Matriarcal” e “Circuito Patriarcal” na estruturação da consciência pelos arquétipos da Grande Mãe e do Pai. Descreve o processo, a que denominou “persefonização” da libido, como sendo um distúrbio da estruturação do arquétipo da Grande Mãe e núcleo do distúrbio anorético. Trabalha também com os arquétipos do Pai, Herói e Anima-Animus, com sua constelação e com o tipo de arranjo encontrado entre eles na adolescência, quando se desencadeia o quadro de anorexia. Faz amplificações usando associações com o mito de Deméter-Core-Perséfone, enfatizando o paradoxo em Hades entre comer-viver-morrer como o drama, ou as vezes mesmo, a tragédia anorética. Discute ainda a problemática familiar bem como estratégias terapêuticas.
Walter José Martins Migliorini
A partir do levantamento completo das intercorrências da expressão função transcendente e do ensaio homônimo escrito em 1916, o autor procede a um exame de sua definição nas Obras Completas, estatuto conceitual e papel na interpretação. Polissemia, imprecisão, circumambulação, metaforização, semelhança estrutural com os símbolos, relação de identidade com a definição de imaginação são os traços formais fundamentais da definição de função transcendente assim obtidos. Não há uma definição propriamente dita, tampouco um conceito. A função transcendente é um símbolo. Examinado estrategicamente a partir da teoria junguiana da imagem, o símbolo “função transcendente” pode ser identificado como uma imagem arquetípica correlata do instinto criativo e elemento central da hermenêutica: o método construtivo é ponto de vista poético, na observação e interpretação da imagem da fantasia, cujos telos “criativo” e “benigno” a função transcendente representa. A indefinição da noção de função transcendente nos escritos de Jung tem origem na negação de seu caráter eminentemente simbólico assim como no imaginismo implícito em sua teoria da imagem.
Carlos Amadeu B. Byington
O autor busca situar a polaridade do Bem e do Mal dentro do desenvolvimento psicológico da Self por intermédio da função estruturante da Ética. Para tanto, adota a perspectiva da elaboração simbólica situada entre a Consciência e o Arquétipo Central. Desta forma, descreve a metodologia do Self e evita a perspectiva unilateral centrada no Ego ou no inconsciente. A partir dos conceitos de símbolo e de função estruturante, ele descreve as funções estruturantes criativas (Consciência) e as funções estruturantes defensivas (Sombra). Descreve a função estruturante avaliadora da elaboração simbólica e define a função estruturante da ética como a reação do Self ao resultado da ação da função avaliadora. Situa a polaridade do Bem e do Mal criativamente elaborada na Consciência e defensivamente na Sombra. A seguir busca demonstrar que a controvérsia de Jung com a Doutrina Católica do Summum Bonum e do Privatio Boni, não tem fundamento pois o próprio Jung e seus seguidores sempre descreveram o Bem como a finalidade do processo de individuação. Na dialética do Bem e do Mal, elabora os três estágios de uma fixação. Em seguida descreve a defesa psicopática e seu bloqueio da função estruturante reflexiva na elaboração simbólica. Para finalizar, o autor descreve sumariamente o funcionamento da função estruturante da Ética nos quatro padrões arquetípicos da Consciência: Matriarcal, Patriarcal, de Alteridade (Anima e Animus), e de Totalidade.