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Marie-Louise von Franz: inspirada e brilhante

Marie-Louise von Franz: inspirada e brilhante

marie-louise-von-franz-inspirada-e-brilhante-1Poderíamos todos ser médiuns, e ter o conhecimento absoluto, se a luz da consciência do ego não turvasse nossa visão… Observei que, em estados de extrema fadiga, quando estou realmente exausta, eu de repente atinjo o conhecimento absoluto. (Marie-Louise von Franz, Adivinhação e Sincronicidade)

De acordo com Robert McG. Thomas Jr., von Franz foi “a discípula mais inspirada e brilhante de Carl Gustav Jung, e aquela que mais fez para iluminar a chama desde sua morte, em 1961”, conforme publicado pelo The New York Times.

Filha do barão austríaco Erwin Gottfried von Franz e da alemã Margret, uma mãe que Carl G. Jung qualificou de “bruta”, Marie-Louise von Franz nasceu em 4 de janeiro de 1915 em Munique, na Alemanha, mas passou a maior parte de sua vida na Suíça, para onde sua família se mudou quando ela tinha apenas três anos, logo após o término da Primeira Guerra Mundial.

Quando criança, era considerada muito inteligente e questionadora.  Cursou o ensino médio com ênfase em língua e literatura. Aos 18 anos, ingressou na Universidade de Zurique. Ela precisou custear seus estudos com a remuneração que recebia de aulas particulares, já que sua família havia perdido muito dinheiro.

Ainda aos 18 anos, teve seu primeiro encontro com Jung, na vila de Bollingen, onde ele havia instalado sua casa de campo, a “Torre de Bollingen”. O já renomado psiquiatra havia convidado alguns jovens para conversarem sobre psicologia. Junto com amigos estudantes, von Franz teve, naquele dia, “o encontro mais decisivo de sua vida”.

Em 1940, doutorou-se em línguas clássicas, uma decisão que tomou a partir da interpretação de um sonho que teve, quando em análise com o próprio Jung. Essa formação foi providencial para que ela trabalhasse para Jung traduzindo textos antigos em latim e grego, em troca de sessões de análise.  A contribuição de von Franz à obra do analista foi especialmente valiosa quando a pesquisa era relacionada à alquimia medieval.

Atendeu seu primeiro cliente quando contava 41 anos. O caso, de uma paciente que estava prestes a ter um colapso nervoso, tornou-se grande aprendizado. Apesar de ansiar evitar a crise, seguiu o conselho de Jung para deixar que ela ocorresse, isto é, parou de forçar o sucesso do tratamento. Dessa maneira, a paciente logo se recuperou, e von Franz aprendeu sobre as limitações do ego.

A analista tornou-se referência no estudo psicológico dos contos de fada, tendo publicado diversos livros sobre o assunto, como A Interpretação dos Contos de Fada (Paulus) e A Sombra e o Mal nos Contos de Fada (Paulus). Também é autora de Adivinhação e Sincronicidade: a psicologia da probabilidade significativa (Cultrix) e C.G. Jung: seu mito em nossa época (Cultrix), entre outros títulos que somam quase três dezenas.

Von Franz era palestrante requisitada em vários países e especialista em interpretação de sonhos. Conta-se que interpretou mais de 65 mil deles. Para ela, não era correto ser “junguiano”. Afinal, o cerne do pensamento de Jung diz respeito a tornar-se quem se é, único.

Morreu em 16 de fevereiro de 1998, aos 83 anos, em decorrência do mal de Parkinson. “Todos que conheceram Marie-Louise von Franz, ou seu trabalho, podem ver como ela alcançou um grau notável de individualidade”, afirmou Chuck Schwartz, no obituário publicado pelo jornal britânico The Independent.

Assista aos vídeos abaixo:

https://sbpa.org.br/portal/marie-louise-von-franz-fala-sobre-projecao/

https://sbpa.org.br/portal/marie-louise-von-franz-e-alquimia/