Sabrina de Souza Magalhães
Carlos Augusto Serbena
A proximidade da morte pode ser considerada um evento singular capaz de propiciar sentidos relevantes e propósitos concretos para o processo de individuação. Sua presença exige um cuidadoso trabalho de avaliação e reconstrução dos sentidos existenciais, tanto de vida quanto de morte. Este artigo busca, por meio do estudo de caso, discutir as repercussões do enfrentamento da morte no simbolismo onírico e sua relação com o processo maior de individuação. Observou-se que os sonhos demonstraram o esforço do Self para integração e maior conscientização da totalidade psíquica do participante, e para uma profunda transformação que atendia aos princípios da individuação pessoal.
Viviana Osorio Silva
Este artículo hace referencia a tres procesos terapéuticos íntimamente conectados a través de la transferencia y la contra transferencia. El síntoma, la urgencia de la muerte frente al cáncer terminal y cómo el abordaje terapéutico va cimentando las bases de la elaboración de un complejo en los dos casos clínicos a que se hace alusión, como asimismo en el proceso personal de la terapeuta
Sylvia Mello Silva Baptista
Este artigo explora o tema das relações parentais em seu caráter abusivo e a luta para a quebra de vínculos perniciosos que aprisionam o indivíduo numa repetição interminável. A saúde psíquica é entendida como a possibilidade de saída e desapego dos vínculos venenosos e a reconstrução de novas relações na vida, que levem a pessoa a se conectar com um Self genuíno. Dois filmes e fragmentos de um caso clínico ilustram as colocações.
Fernanda G. Moreira
Este artigo parte da ampliação dos símbolos existentes na música “Brejo da Cruz”, de Chico Buarque de Hollanda, para chegar a um conceito de resiliência que abarque a subjetividade do processo de individuação. Para tanto, são discutidos os conceitos dos arquétipos da criança divina e da grande mãe, e os aspectos criativos e defensivos do dinamismo patriarcal. O processo de humanização do arquétipo da grande mãe, sendo influenciado pelos pais biológicos ou adotivos, demais cuidadores e fatores ambientais, pode ser ferido pela vivência de miséria ou extrema pobreza. Essa ferida matriarcal seria ampliada pelo encurtamento da infância causado pela entrada precoce no mercado de trabalho. O dinamismo patriarcal, culturalmente reforçado, facilita a adaptação nessas condições adversas, mas traz o risco da patologia psíquica advinda da dissociação da ferida matriarcal. O milagre necessário, nesse caso, seria a integração dialética dos dinamismos matriarcal e patriarcal, a emergência do dinamismo de alteridade para o indivíduo e para a sociedade. A resiliência não se resume à adaptação às exigências sociais, ou à ausência do impacto ao passar por essas adversidades. A resiliência reside na capacidade de, uma vez impactado pelas adversidades, sofrer transformações que, no processo de individuação, resultem mais em crescimento que em deformidade.
Everton de Oliveira Maraldi
O surgimento da psicologia científica, por volta da segunda metade do século XIX, esteve fortemente ligado ao estudo de experiências alegadamente paranormais, sobretudo experiências mediúnicas. O estudo da mediunidade e da crença numa vida após a morte teria contribuído de modo relevante para o desenvolvimento de certos conceitos e teorias psicológicas, como os conceitos de dissocia- ção, estados alterados de consciência, complexos psíquicos, personalidades secundárias, enfrentamento do luto etc. Dentre os pesquisadores pioneiros da mediunidade estavam alguns dos grandes nomes da psiquiatria e da psicologia, como Carl Gustav Jung. A investigação das experiências mediúnicas parece ter contribuído significativamente na elaboração de parte da estrutura teórica e de pensamento de Jung. Suas pesquisas sobre a mediunidade, por sua vez, constituem uma importante contribuição para a elucidação psicológica do tema. O presente artigo revisa brevemente algumas das ideias de Jung acerca das experiências mediúnicas e explora as implicações de tais estudos para o campo da psicologia analítica e da psicologia de um modo geral.
Carlos Amadeu Botelho Byington
O artigo conceitua o arquétipo da sombra, de acordo com a Psicologia Simbólica Junguiana, como o arquétipo do mal, e busca integrá-lo como expressão do arquétipo central, ao lado do arquétipo do bem. A interpretação de Jung a respeito da limitação da imagem de Jeová na relação com Jó é aqui continuada com o reconhecimento do sadismo do Deus patriarcal, que necessita do filicídio sacrificial para transformar-se no Deus da compaixão e do entendimento, pois só assim Ele se tornará a Trindade e expressará o arquétipo da alteridade. Em conclusão, o autor segue Jung na interpretação do Apocalipse como a sombra do Novo Testamento e chama atenção para o fato de o texto ser escrito em nome de Jesus, o que sugere a interpretação, no mito, do símbolo do Anticristo como a sombra de Jesus.
Maria Zelia de Alvarenga
Relato sumário do mito dos três personagens, Prometeu, Héracles e Quiron, como suporte para considerações e leitura simbólica desse momento mítico no qual se coagulam transformações significativas para entender a presença da estruturação simbó- lica da ética em sincronia com a atualização do conhecimento. Para que essa sincronicidade ocorra, é fundamental pensá-la como uma realidade que demanda a morte e o morrer de atitudes irrefletidas, dando nascimento a uma condição de personalidade alicerçada na consciência reflexiva.