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VOYEURISMO

Liliana Liviano Wahba

Psicóloga, analista junguiana, membro da SBPA

O paciente relata: – A primeira vez que se apresentou esse estranho sintoma foi numa noite normal diante do noticiário das oito na TV. Mostravam cenas de guerras na Somália e algum ataque terrorista na Europa, quando ouvi vozes da casa vizinha que ressoavam alternando alegres risadas.

Automaticamente, em estado semi-consciente, fui até a janela com melhor ângulo de visão e, por detrás das cortinas, espiei o que acontecia: três pessoas: duas mulheres e um homem, brindavam e riam, falando animadamente. Só pude ouvir palavras esparsas como: conseguiu.., prêmio…, dará certo…, parabéns…

Mais do que com a conversa e seu tema, fiquei fascinado com os gestos de elevação, as expressões de regozijo, o brilho do olhar; e ali fiquei, calado, até que me chamaram para jantar e retirei-me encabulado por penetrar sorrateiramente na intimidade da casa vizinha.

O terapeuta, intrigado, pergunta: – Por que achou tão estranho o que poderia ser uma curiosidade natural?

E o paciente continua: – Sim, assim parecia e até esqueci o episódio após uns dias. Aproximadamente um mês depois se deu fato semelhante, com jeito de compulsão. Voltando do trabalho, uma vaga sensação de incompletude me acompanhava e comecei a olhar em volta procurando sabe-se lá o que. Vi um casal andando de mãos dadas e algo neles me atraiu irresistivelmente. Tantos casais passeiam pelas ruas, mas era um dia de semana, nem domingo, nem feriado, nem estávamos no Ibirapuera. Caminhavam descontraídos, ao lado de todos os apressados e dos braços contorcidos ao volante; os corpos soltos, os pés leves sobrevoando as irregularidades da calçada.

Então, num impulso, estacionei o carro e os segui, disfarçando, como um detetive a mando de um marido ou esposa ciumenta. Andei um tempo atrás deles observando cada pequeno movimento, o sacudir de ombros, uma mão acariciando o cabelo, um dedo apontando um detalhe de um prédio, os quadris balançando em cadência, e imaginava a expressão dos rostos: atenta, risonha, agradavelmente satisfeita. Em um determinado momento, viraram a cabeça para trás e quase morri de vergonha temendo ser descoberto.

O terapeuta escuta atentamente e encoraja a continuar: – E desde então, algo mais atraiu sua atenção?

– Aí é que está. Virou obsessão, vício, necessidade imperiosa. Todos os dias eu procurava alguém que mostrasse sinais de felicidade. No trabalho era difícil me concentrar. Perscrutava todo mundo no escritório, quem ali estivesse e quem entrasse, ia várias vezes ao banheiro ou tomar café para ouvir conversas e fofocas, observava as pessoas quando distraídas nos seus devaneios, procurando captar um olhar de encantamento, um sorriso de prazer.

Na rua começou a ficar perigoso; não conseguia prestar atenção no trânsito, no farol fechado olhava para os carros ao lado; as mães amorosas me enterneciam, as crianças brincando me fascinavam, os namorados despertavam interesse e admiração com a quantidade de detalhes que assinalavam sua paixão, os jovens entusiasmados compunham para meus ouvidos sinfonias de glória.

– E aqui estou eu; não como direito e não consigo dormir, fico perseguindo qualquer vislumbre de emoção positiva que ocorra perto de mim, sou atraído como uma abelha pelo mel, sou incapaz de pensar ou de me envolver em atividades que exijam um mínimo de dedicação, de planejamento; corro o risco de ser despedido; amigos e familiares acham que estou enlouquecendo. O que faço, doutor?

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